quinta-feira, 24 de março de 2011

Falta.



Doçura, tenho sentido sua falta
Tenho tentado imaginar onde é que você se esconde
Tenho sido uma bola de fogo em seus braços – desejo
Tenho tentado imaginar onde é que você se esconde

O que você obtém é aquilo que você está vendo
Desejo
O que você obtém é aquilo que você está vendo
Desejo

Ah doçura, não estarei te beijando
Pois tenho tentado imaginar onde é que você se esconde
Tenho sido uma bola de fogo em seus braços – desejo
Tento tentado descobrir onde você se esconde

Desire - Gene Loves Jezebel (tradução)

Falta algo na noite, algo que sempre esteve presente e agora anda tão distante... isso me traz uma agonia. Sem poder saber o que fazer.  O vento frio noite  afora, isso de certa forma me apavora agora,  rima? tsk. Que tristeza, na verdade não chega a ser tristeza e sim... ah... a falta. É,  tem uma tristeza nisso.

Acho que já não consigo pensar, não sei mais se tenho medo ou coragem. Isso me lembra certa época em que vagava por aí sem rumo, apenas observando tudo passar ao meu redor, mas com várias perspectivas, nenhuma se concretizou, nessa época eu me sinta sozinha, como agora, mas era diferente. Acho que não me conhecia tão bem. Eu não estava acostumada com sentimentos alheios, não me preocupava com problemas que não eram meus, eu me importava com ''desconhecidos'', mas com aqueles próximos, era indiferente, de certa forma gostaria de poder mudar algumas coisas.
...a falta me faz perceber como sou dependente.

sexta-feira, 18 de março de 2011

O fim?



''Hmm ... Estou de volta (Olá).

Mas eu não vou bem...

Vejo vocês no futuro...
Por enquanto fiquem por aqui.''


[...]a semana não fora das melhores, ao contrário do que havia planejado, acontece que imprevistos, mudanças, palavras que foram ditas e depois retiradas, choro, angústia e ansiedade tomam conta desse meu ser. Planos e mais planos que foram por água a baixo, eu pelo menos ainda tenho vontade de continuar, mas já não sei se vale a pena. Estive pensando em acabar com isso e aquilo, por enquanto ele fica aqui, entre mortos e feridos. 


P.S: Aquilo era tão importante para mim.

quarta-feira, 9 de março de 2011

Agora.




E agora José? a festa acabou, a luz apagou, o povo sumiu...

e agora bate aquela insegurança, não sei por que estou assim, ansiedade,  eu esperei por isso, me preparei, mas  eu sei que isso não adianta muito, a prática é sempre uma grande surpresa. 

Não sei bem o que escrever,  não vou escrever nada demais, já estamos em  março, e se tudo ocorrer como o planejado, na próxima postagem eu conto como foi o tal encontro *-*

Ah,  eu aprendi uma coisa nestes dias: Respeite as regras de segurança :|

Eu nunca leio a coluna de contos na Ilustrada da Folha de São Paulo, geralmente eu só leio a coluna do José Simão, mas estes dias eu com minha mania de ler tudo do fim para o começo, vi um título que me chamou a atenção juntamente com a imagem. Resolvi ler o conto e simplesmente adorei, resolvi postar aqui. Deliciem-se u.u

***
A Outra - João Pereira Coutinho


''O rapaz convidou as duas amigas. Para que o visitassem na cidade do Porto, sua terra natal. Um dia, uma tarde. Elas agradeceram o convite e prometeram pensar no assunto.

Ele entrou no carro, partiu e, enquanto cruzava as ruas de Lisboa, pedia a todos os santos para que só uma delas fosse ao seu encontro. Recriminou-se mentalmente por ter feito um convite duplo quando era a mais nova, a mais bonita, que ele desejava receber. Mas não tivera outra oportunidade e, perdido por dez, perdido por mil: para receber uma, teria que receber as duas. Era um começo.

Na semana seguinte, chegou a mensagem: iriam ambas, sim, em dia a combinar. Ele leu. Releu. Respondeu: que estaria à espera na estação de trem; que iriam almoçar, conhecer a cidade, beber e, com sorte, talvez a outra se cansasse de ser a outra e preferisse ficar no hotel. No amor e na guerra não há pensamentos nobres. Ou qualquer coisa assim.

Chegou o dia. Chegou o trem. Ele já estava na estação, junto à linha, encostado a um dos pilares. Saíram os primeiros passageiros, cabeças indistintas sob uma chuva outonal. Ao fundo, vislumbrou a outra. Acenou. Recebeu um aceno de volta. Ninguém mais acenou.

A outra aproximou-se, sozinha, e ele perguntou pela amiga.

Não havia amiga. Não tinha podido vir, disse-lhe a outra, razões pessoais, familiares, sentimentais, ele já nem escutava.

Com gentileza mecânica, pegou na sacola da outra, disse uma frase clichê ("Muito bem, estamos nós aqui, vamos aproveitar.") e arrastou-a para fora da estação.

Entraram no carro. Ele silencioso e a outra a preencher o silêncio com conversa banal. Começaram o passeio. Ele começou a debitar informações turísticas como se fosse um guia turístico: aqui, um monumento; ali, uma igreja; mais ao fundo, um jardim, um museu, uma livraria.

Entraram na livraria. A outra demorou-se pelas estantes. Ele ficou junto à entrada, a olhar para o relógio, a contar os minutos para que a noite viesse e a outra se fosse.
Caminharam pelas ruas da baixa. A outra fazia perguntas que ele só respondia à segunda vez, quando realmente as escutava. Por vezes, apercebia-se que a outra ficava para trás -um metro, dois- porque ele caminhava demasiado depressa. Então, ele parava, esperava, e retomavam a marcha até que nova distância se instalasse entre os dois.
Foi nas margens do rio que a outra resolveu parar. Ele perguntou se ela estava cansada. A outra sorriu com ironia e respondeu: "Podes dizer que sim".
Ele gelou. Desconversou: que poderiam sentar-se na esplanada, descansar, tomar um café. A outra preferiu sentar-se no cais e tirar um cigarro do bolso. Acendeu-o. Pausa longa. E depois disse-lhe: "Quero apenas que me leves à estação, por favor".
Ele gelou novamente. E desconversou novamente: que se passava, perguntou, acontecera alguma coisa? Ele fizera alguma coisa?
A outra recusou-se a comentar o óbvio. Olhou-o apenas com desprezo e murmurou: "É pena que não tenhas reparado que fui eu quem veio ter contigo".
Ele olhou para ela pela primeira vez naquela tarde, pela primeira vez em todas as tardes, como se a frase o tivesse despertado. Havia uma presença real ao lado dele; uma presença discreta, e também por isso discretamente bela, que fumava às pressas para não chorar.
Ele sentia vergonha e nada disse. E também ternura e também desejo. A outra levantou-se e, sem esperar por ele, caminhou para o carro. Ele seguiu-a -um metro, dois metros atrás dela. 
O trem partiu às sete da noite. E, ainda hoje, nos jantares de amigos, ela gosta de contar a história de como o idiota do rapaz lhe disse um adeus mudo na plataforma da estação. E de como ele lhe voltou a aparecer de repente na carruagem onde ela seguia sozinha, de volta. E de como se sentou ao lado dela. E de como se preparava para falar. E de como ela o impediu de dizer uma palavra que fosse, encostando os seus lábios aos lábios dele. E de como os outros passageiros se riram daquela cena patética. E de como se riram ainda mais quando o revisor surgiu minutos depois e o idiota do rapaz não tinha bilhete para apresentar. ''