sexta-feira, 26 de outubro de 2012

Um homem não faz falta

Depois de um tempo, estou de volta, mas rapidamente pois hoje é minha banca de qualificação na faculdade, deseje-me sorte :D. A vida está melhor agora, porém quero logo 2013!
Resolvi postar minhas crônicas e artigos aqui no blog. Bom, esta é a primeira, espero que gostem. Até mais!


Um homem não faz falta

Iara Caldeira

Assistindo a série ‘Quem é meu pai?’ que passa todos os domingos no Fantástico da rede Globo, pensei que minha história finalmente poderia ser contada.  O quadro mostra relatos emocionantes de filhos que lutam pelo reconhecimento paterno registrando o impacto que a falta do nome do pai nos documentos pode causar na vida de uma pessoa.

De acordo com o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep), 4,85 milhões de pessoas não possuem o nome do pai no registro de nascimento, sendo que desse universo, 3,8 milhões de pessoas têm menos de 18 anos, esses dados referem-se apenas a pessoas matriculadas em instituições de ensino.  Estou nesses números. Ainda não conheço ‘’meu pai’’. É estranho chamar alguém de pai sendo que você nem o conhece.

Desde agosto de 2010, a Justiça tenta várias iniciativas de reconhecimento de paternidade, que são promovidas por um projeto mais amplo intitulado “Pai Presente”. Este projeto tem o objetivo de fazer cumprir uma lei em vigor há mais de 20 anos, mas que vinha sendo ignorada em alguns estados do Brasil: a lei que determina que todos os cartórios devem mandar para a Justiça todos os casos de crianças registradas sem o nome do pai.

Quer dizer, sei que o homem que é meu pai é o fulano, o vi algumas vezes entre exames de DNA e Fóruns, mas não o CONHEÇO, não sei como foi a vida dele, não sei quem são meus tios, qual é a minha história na família.

Isso me fez perceber que não preciso da figura que muitos vangloriam, mas que nunca tive, pois lá estava eu com um ano, sendo criada em meio aos oito filhos do meu avô materno. Há 20 anos ter uma filha grávida, sem um genro e ainda numa família extremamente religiosa era, vamos dizer no mínimo uma vergonha.

Meu avô antigamente parecia muito com aqueles barões do café, tinha um bigode que assustava, só faltava a espingarda para completar o visual.

Foi este homem que junto com minha avó me ensinou os valores que tenho; o homem que mostrou os caminhos, mas nunca o chamei de pai.

No caminho que estou construindo a falta do “homem pai”, só fez com que eu me tornasse mais forte. Claro que contei com a presença de outros grandes homens ao meu lado. Homens como meu avô que mesmo ‘’carrancudo’’ me acolhe até hoje, longe de casa, meus tios sempre dando conselhos, meu amor que confia na minha garra. Grandes homens da minha vida que mostram que um homem não faz falta.